A cozinha que regenera: Elena Reygadas e o valor da biodiversidade
Mais do que uma chef premiada, Elena Reygadas nos inspira a repensar a relação entre sustentabilidade, alimentos locais e a forma como tratamos o gênero na gastronomia.
Recentemente, a chef mexicana Elena Reygadas foi eleita a melhor chef mulher do mundo pela renomada lista The World's 50 Best. Uma conquista notável e inspiradora, especialmente para uma profissional jovem que tem, como foco central do seu trabalho, a valorização da biodiversidade e dos ingredientes autóctones.
Porém, ao me deparar com a manchete que traz a palavra "mulher" em destaque, não pude deixar de questionar: por que ainda precisamos marcar essa distinção de gênero? Quando uma chef talentosa como Elena é premiada, a ênfase deveria estar no mérito e não no sexo.

No entanto, mais do que o debate sobre a distinção de gênero, o trabalho de Elena Reygadas nos provoca uma reflexão essencial sobre a biodiversidade e a sustentabilidade na cozinha.
Em seus pratos, ela não apenas exalta a cultura mexicana, mas também propõe uma nova forma de pensar o alimento: respeitando os ingredientes locais e autóctones, aqueles que muitas vezes foram esquecidos ou substituídos pela produção em massa.
Essa abordagem conecta-se diretamente com o que defendemos na Escola de Comida: a necessidade urgente de nos reconectarmos com a nossa terra, nossas raízes e nossos alimentos. Ao valorizar a biodiversidade, Elena contribui não apenas para a preservação do meio ambiente, mas também para a manutenção de uma identidade culinária genuína e sustentável. Essa é uma forma de resistência, de enfrentar um sistema alimentício globalizado que privilegia a homogeneidade e o desperdício.
Quando falamos de alimentos locais, falamos também de sustentabilidade. A busca por ingredientes que não precisam atravessar continentes para chegar ao nosso prato é uma forma de reduzir o impacto ambiental da nossa alimentação. E quando valorizamos o que é nosso, promovemos também uma economia circular que beneficia as comunidades e o meio ambiente.
Elena Reygadas, ao escolher promover a autoctonia e os alimentos locais, aponta para um futuro mais sustentável e regenerativo, onde a cozinha pode ser tanto um ato de celebração quanto de cuidado com o planeta. Essa escolha não deveria ser celebrada apenas como uma conquista de uma mulher, mas sim como uma vitória da gastronomia consciente.
Fontes: Claudia, Gazeta do Povo.
Teus comentários fazem muito sentido pra mim, Claudinha. Me incomoda também o tratamento diferente para homens e mulheres, e por isso sempre acreditei no debate de gênero associado a comida, ao cozinhar e ao comer. Vamos em frente! Bjs!