Eu disse 'gestão'? Desculpe, quis dizer 'educação'.
A insustentável leveza do fluxo
No texto de apresentação do ‘meu’ percurso / eixo temático dentro da EdC (Escola de Comida), refleti sobre as dificuldades em começar e sustentar uma ideia, um hábito, um projeto, um empreendimento. Gostei do caminho que aquela reflexão tomou, iniciando pela constatação de que ”gerir está no nosso dia a dia, em tudo que fazemos”, passando pela provocação em pensar sobre “a energia de começar vs. a rotina de sustentar”, e a afirmação sobre “começar exige visão; sustentar exige adaptação”, e concluindo que “gestão é um processo de aprendizado”.
E, como todo o processo de elaboração, principalmente através da escrita que nos sustenta mais tempo diante das palavras e seus significados, ao final do texto eu levei um bom tempo diante de um dilema digno de Matrix. Péra, se gestão é um processo de aprendizado, se estou empreendendo energia para gerir uma escola, se minhas caminhadas profissionais encontraram abrigo nas ‘salas de aula’, eu no fundo me ocupo em pensar sobre gestão ou educação?
O que me impede de assumir que desejo falar, prioritariamente, de educação e não de gestão? Minha formação técnica e experiência profissional? Mas tenho vivência tanto em empresas quanto em escolas! Síndrome do impostor? Não, me sinto seguro o suficiente pra bancar que não sei muita coisa e está tudo bem. Já me senti impostor na Gastronomia, mas isso é outra história e conto em outro momento. Valorizo muito a minha capacidade de conexão e minha autonomia em questionar tudo, e por isso topo o desafio.
A minha relação com a educação tem muito a ver com a minha relação com a comida, é sensorial e intuitiva, tem contexto, demanda conexão e oferece senso de alteridade. Só sei fazer no (des) encontro, no diálogo, no contato. E diante da fome e do desejo de comer bem. Sim, saciedade é fundamental. Uma pessoa com a pança e coração cheios não quer guerra com ninguém.
O verbo principal que eu usei no texto anterior diante das adversidades e desafios que a vida (e nossas escolhas) nos impõe foi ‘gerir’, certo? Então, agora eu atualizo esse verbo para ‘aprender’. É menos sobre ter o controle e mais sobre ter disponibilidade.
Daí, me deu vontade de perguntar ao chat GPT o seguinte:
estou escrevendo um texto sobre as aproximações e distâncias entre os verbos 'gerir' e 'aprender'. você tem algo a me apontar?
Olha só o que o bonito (e ousado) respondeu:
Certamente! As conexões e contrastes entre os verbos "gerir" e "aprender" podem ser explorados em várias dimensões: etimológica, funcional e filosófica. Aqui estão algumas ideias que podem enriquecer seu texto:
1. Etimologia e Significado
Gerir vem do latim gerere, que significa "conduzir", "carregar" ou "executar". Está relacionado à ação de liderar, organizar, ou administrar algo. É um verbo que pressupõe controle, responsabilidade e a capacidade de lidar com recursos, pessoas ou situações.
Aprender vem do latim apprehendere, que significa "agarrar", "tomar para si". Remete à ideia de absorver conhecimento, mas também carrega a dimensão de recepção, humildade e abertura ao novo.
Essas origens já sugerem uma tensão: gerir implica ação deliberada e controle, enquanto aprender sugere um estado de vulnerabilidade e expansão.
2. Função e Contexto
Gerir demanda o uso do conhecimento já adquirido, colocando-o em prática para alcançar objetivos. É uma aplicação do que se sabe.
Aprender, por outro lado, está relacionado a buscar o desconhecido, ampliar fronteiras do saber e, muitas vezes, reformular as próprias ideias.
Essa diferença pode ser pensada como um movimento de "emissão" (gerir) versus "recepção" (aprender).
3. Aproximações
Ciclo contínuo: Um bom gestor é, inevitavelmente, um aprendiz constante. Aprender com erros, adaptar-se às mudanças e buscar novas soluções são competências essenciais para a gestão. Nesse sentido, gerir e aprender tornam-se complementares, parte de um ciclo de desenvolvimento.
Inteligência adaptativa: Tanto para gerir quanto para aprender, é preciso lidar com incertezas e transformar informações em ações efetivas. Ambas as habilidades exigem reflexão e experimentação.
4. Distâncias Filosóficas
Poder vs. Humildade: Gerir frequentemente envolve exercer poder e controle, enquanto aprender pressupõe a humildade de reconhecer a própria ignorância.
Finalidade vs. Processo: Gerir é orientado a resultados. Aprender, por sua vez, muitas vezes é valorizado pelo próprio processo, sem um objetivo final claramente definido.
5. Uma Possível Conexão Dialética
Você pode argumentar que o aprendizado alimenta a gestão, enquanto a gestão cria contextos nos quais novos aprendizados podem emergir. Há uma dialética aí: não se aprende sem gerir (organizar-se para o aprendizado) e não se gere bem sem aprender (se adaptar às mudanças e melhorar constantemente).
Interessante, né? Seria mágico? Não vejo assim, diria matemático, é sobre linguagem. É processamento de informação, encadeamento lógico diante de um aprendizado acumulado. A máquina aprendeu sobre o tema baseado no que compartilhamos até aqui. É um pensamento coletivo que está expresso nestas linhas, não a genialidade robótica de uma máquina mítica. Não é feitiçaria, é tecnologia (essa frase dá uma tese, né? Socorro!).
Gosto de refletir sobre essas ‘verdades trazidas’ por esta IA, pois elas são reflexos do que produzimos sobre estas palavras. Então, aproveitamento todos os elementos trazidos por esta ‘inteligência sintetizada’, sobretudo nos blocos ‘aproximações’ e ‘uma possível conexão dialética’ (volte lá, leia de novo, é lindo) informo que o meu (sim, meu!) percurso de ‘gestão’ virou de ‘educação’.
Passa o sal?